Era de canto, na moral e sossegado
Não era de enguiço, neném era confirmado
Mas encheu o saco da vidinha da vila
Vai se adiantar pra subir na vida
Queria ser gente grande, ser da malandragem
Queria ser esperto e andar com a bandidagem
Pouco tempo levou, o mano se transformou
Subiu de posto, já se agigantou
Iê - mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Papai, eu tô com fome
Dá co-comida
Mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Mãe, vem me limpar
Comprou um parceria e já saiu queimando
Brincou com fogo e acabou se mijando
Blitz! Tentou largar de trem, desceu lá na FEBEM
Caiu a casa, agora chora, neném
Lá no IJCM neném foi parar
Mas soube aprender, sobreviver, soube representar
Sabendo mais, saiu querendo mais
Na defensiva ou na ofensiva pronto pra atacar
Iê - mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Papai, eu tô com fome
Dá co-comida
Mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Mãe, vem me limpar
Chega de miséria, chega de desilusão
Agora tem novo dono da boca, agora tem novo patrão
Que decepção, 24 horas no ar
Cobiça e inveja agora é o seu novo lar
Caiu na embosca dos próprios camaradas
Confiou nos manos palha que nunca lhe deram nada
Do pescoço pra baixo, acho, não sentiu mais dor
Na troca de tiros, a bala na coluna acertou
Iê - mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Papai, eu tô com fome
Dá co-comida
Mamãe, eu tô com sede
Dá a de-dedêra
Mãe, vem me limpar
Agora chora, neném!
Agora chora, neném!
Agora chora, neném!
Agora chora, neném!
