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Eu tenho borboletas da noite Na minha janela a tentarem entrar Eu tenho borboletas da noite Na minha janela a tentarem-me levar Ai, tu não me levas hoje Eu tenho alguidares de roupa p'a lavar Meu Deus não me leves hoje As asas já pesam de tanto as usar Eu oiço o granger de um corvo Numa caravela a ranger pelo mar Eu sei que o Adamastor É um vício cruel que me mete a suar Eu tenho uma melga no quarto Que eu tentei matar Eu tenho uns fantasmas no meu corredor Que eu já tentei espantar Tu não és uma droga que eu provo uma vez E não há volta a dar És um louva-deus que me fode uma vez P'a depois me matar Eu viro morcego, 'tou cego de sede e de pernas p'o ar Não me livro tão cedo de dormir com medo de nunca acordar Eu tenho borboletas da noite Na minha janela a tentarem entrar Eu tenho borboletas da noite Na minha janela a tentarem-me levar Ai, tu não me levas hoje Eu tenho alguidares de roupa p'a lavar Meu Deus não me leves hoje As asas já pesam de tanto as usar Eu tenho borboletas da noite Na minha janela a tentarem-me levar Eu vejo borboletas da noite Na minha janela a tentarem entrar Ai, tu não me levas hoje Meu Deus não me leves hoje Eu mando serpentes da noite Semearem casulos na varanda do teu andar Eu tenho uma catana no meu dorso Eu é que matei Sebastião Numa manhã escura de tarde ao luar Eu visto me de noite de dia, na serra nevoeiro tenta me matar... Se vieres o madje fika no xão Digraz da lua respiram ke não O ke não nos diz, kubar não existe Noite não existe, kem mistura kiz Se passares a porta fecha o portão Eu não minto mas ele disse ke não O ke não vos diz, afinal eu li, afinal eu li Eu nunca olhei para Almada nos olhos Mas ele fala komigo ilustrando Agora eu tenho três xinos no bolso
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